Aparente normalidade em Bissau apesar de segurança reforçada em algumas instituições de Estado
O dia de hoje decorre com aparente normalidade em Bissau, capital da Guiné-Bissau, depois de uma escalada da tensão política, apesar de a segurança ter sido reforçada em algumas instituições do Estado guineense.
Segundo fonte do Governo de Aristides Gomes, a segurança foi reforçada no Ministério das Finanças, no Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral, Comissão Nacional de Eleições, rádio e televisão nacionais e Palácio do Governo.
A segurança foi reforçada pela força de interposição Ecomib e elementos da polícia da Guiné-Bissau.
Apesar do reforço da segurança, o dia decorre com aparente normalidade em Bissau, com o comércio e outros serviços a funcionarem.
O movimento na cidade, principalmente no mercado do Bandim, centro económico da capital guineense, tem a intensidade do costume e, por todo o lado, são visíveis por toda a cidade mulheres a vender coroas de flores para assinalar o dia dos finados, no sábado.
"As pessoas estão em estado de alerta a acompanhar a resposta que virá, sobretudo, deste embate e a ver se há intervenção militar no jogo. Se não houver intervenção militar no jogo, a acalmia vai continuar e a população vai ficar na expectativa sobre como os atores vão conseguir sair deste impasse", afirmou à Lusa o analista político Rui Jorge Semedo.
Caso haja uma intervenção militar, salientou Rui Jorge Semedo, o "pânico vai aumentar em todos os sentidos", portanto, disse, não se pode afirmar que há calma absoluta.
As forças da Ecomib, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que tem mediado a crise política no país, estão na Guiné-Bissau desde 2012 na sequência de um golpe de Estado militar e têm a missão de garantir a segurança e proteção aos titulares de órgãos de soberania guineenses.
Atualmente, o contingente, que foi autorizada a 26 de abril de 2012 pela CEDEAO, tem quase 600 militares.
O objetivo da força de interposição é promover a paz e a estabilidade na Guiné-Bissau com base no direito internacional, na carta das Nações Unidas, do tratado da CEDEAO e no protocolo sobre prevenção de conflitos daquela organização.
O Presidente guineense, José Mário Vaz, demitiu na segunda-feira o Governo liderado por Aristides Gomes e nomeou terça-feira Faustino Embali, do Partido de Renovação Social, como primeiro-ministro.
Aristides Gomes, cuja nomeação como primeiro-ministro resultou de eleições legislativas de março passado, disse terça-feira aos jornalistas que se vai manter no cargo apesar de o Presidente do país o ter exonerado.
A CEDEAO considerou o decreto do Presidente guineense ilegal, reiterou o apoio a Aristides Gomes e admitiu a possibilidade de impor sanções a quem criar obstáculos ao processo de organização das presidenciais, marcadas para 24 de novembro.
Portugal anunciou também que reconhece como legítimo o Governo de Aristides Gomes.
O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) disse que o Governo da Guiné-Bissau saído das anteriores eleições legislativas "é legítimo" e que a organização seguirá eventuais sanções.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas também deverá hoje emitir um comunicado sobre a situação no país.
Fontes
//Lusa
Bissauonline